segunda-feira, janeiro 29, 2007

TragiComédia em New York City

No último fim de semana fomos eu e a Fer para NY, passear, conhecer, fazer compras, se divertir e.... sofrer. Começou na sexta cedinho, com a temperatura marcando 16º...Farenight, ou seja, -8ºC. Nunca tinha visto um termômetro marcando tão frio. Fomos todos encapotados de blusas, tocas, etc. até o ponto onde pega-se o ônibus para NY. Estava cheio de gente e logo achamos que era ali mesmo. Só que todo mundo estava, na verdade, esperando um ônibus da universidade e não pra NY. Este, por sua vez, tinha acabado de parar do outro lado da rua. Corremos até lá e conseguimos embarcar. Um detalhe, que normalmente passa desapercebido, ia se tornar principal: o seu motorista. Um velhinho, com uma peruca ridícula, ranzinza e meio doido. Olha a foto da figura:

Com aquele monte de blusas, luva, mochila, etc., foi um rolo só. Tentamos começar a guardar as coisas, mas o tio motorista logo deu uma chamada: "não pode ficar de pé no onibus, sentem!". No susto, sentamos com a mochila no colo. Daí um pouco o chatão já reclamou de novo: "não pode carregar mala no banco, coloquem no bagageiro!". Ai ai, isso era só o começo hehe.

Dirigindo, ele falava consigo mesmo em voz alta, reclamava, resmungava, ficava fazendo barulhos estranhos. Coisa de louco! Como tinhamos sentado no primeiro banco, fomos as vitimas preferidas das ranhetices do tio. Daí a Fer resolveu passar esmalte nas unhas. Pronto, ele já gritou: "madame, eu não suporto esse cheiro, pare com isso já!". Percebemos que o negócio era ficar quietinho, fingindo de morto, ou melhor, dormindo. Se é que os ruídos do motorista deixavam. Lá pro meio do caminho, peguei minha camera e comecei, na maior ingenuidade, tirar algumas fotos. Pra quê! O ranzinza já reclamou: "não tire fotos dentro do meu onibus, não é permitido!". Pô, pensei comigo mesmo, fala sério! Lá pra frente, chegando em NY, eu fui tirar uma foto, disfarçadamente, mas mal deu tempo de apertar o botão e o chato já gritou: "eu já disse que não é pra tirar fotos nesse onibus, quando vc descer em NY vc tira todas que quiser!" Brincadeira viu.

Bom, passada a sequência de pitos, chegamos em NY. Estava mais frio ainda! E pra se aquecer, de pouco em pouco entravamos em alguma loja. Numa dessas, a Fer viu um cara reclamando do frio em carioquês e falou pra ele: "vc é ator da malhação né?". E era mesmo. Daí trocamos algumas palavras e saímos fora. Andamos pela 5a. Avenida inteira, visitamos a Catedral de St. Patrick, tomamos um cappuccino na StarBucks e passamos pra ver o prédio da ONU.

Estava muito, muito frio mesmo. Muito vento pra piorar. Mas mesmo assim tiramos algumas fotos. Vejam só que belo por do sol em Manhattan. Vejam também os picolés, pelas nossas roupas, imaginem o frio.
Meio sem querer, achamos tipo a ferroviária deles "Grand Central Station". Esse lugar já apareceu em muitos filmes e é bem bacana. Cheio de gente, mercadão e tal. Jantamos uma quesadilla e tomamos uma cerveja. Resolvemos que era hora de ir para o nosso Hostel. Não, não é hotel, é hostel mesmo (albergue). Tinhamos feito uma reserva mais budget e por isso não queríamos gastar muito. É claro, pegamos um hostel bem localizado e um quarto separado. Obviamente que não era grande coisa. Aliás, era bem meia-boca e a decoração lembrava a Bahia hehe (veja foto). Mas valeu o custo-benefício.

Sábado de manhã, compramos um ticket de metrô que dava direito a andar o dia inteiro livre. Afinal de contas, queriamos aproveitar bem o dia. Começamos indo a Chinatown, pois diziam que era bom de fazer compras. O esquema lá é muito parecido com o Paraguay: um formigueiro de gente, lojinhas, produtos falsificados, vendedores chatos e preços baratos (depois de negociar é claro). No início sofremos um pouco, até aprender a não dar trela pros chineses. Mas já deu pra ver que eles fazem qualquer preço em qualquer coisa, é só pechinchar. E nesse ritmo, compramos um monte de coisas.

Depois do almoço (Mc), fizemos mais um pouco do nosso papel de turistas, visitando o extinto World Trade Center, Wall Street e a ponta da ilha, de onde se vê, beeem ao longe, a Estátua da Liberdade. Ali, tiramos fotos e vimos apresentação daqueles artistas de rua. Engraçados mas sempre a mesma coisa.


Pertinho dali, existe um ferry boat que faz a travessia para outra ilha, a Staten Island. Como era de graça, fomos passear um pouco de barco hehe. E era um baita navio. Ele passou bem perto da estátua, mas de noite já, as fotos não ficaram boas. De qualquer forma, posso dizer que a visão de NY a noite é deslumbrante.

Do outro lado do rio, na outra ilha, também tem metrô. E uma vez que o barco só ia de meia em meia hora e podiamos andar de graça de trenzinho pra todo lado, resolvemos dar uma volta pra passar o tempo. Imaginando que a tal ilha fosse tipo NY, cheio de gente e movimento pra todo lado, pegamos o trem (vazio) e descemos em uma estação aleatória, só pra ver o que dava. Putz, que furada. Não tinha uma viva alma lá. Parecia estação de trem de dos anos 30. Quer dizer, tinha uma policial que nos informou que o proximo trem só daí 20 minutos. Nem nos arriscamos sair na rua, ficamos por lá esperando o trem fantasma. Quando conseguimos voltar, já tinhamos perdido o barco e tivemos que esperar mais um tempão. Até agora não sei porque fizemos esse passeio tão tosco. Acho que meu mapa tava com algum problema....


Bom, saindo da completa ausência de movimento, formos direto para o local mais agitado de NY: Times Square. Aí sim, aqueles letreiros, telões com videos, luminosos, muiiiiita gente..... tava bem melhor. Andamos tudo por lá e, como bons turistas que somos, tiramos várias fotos.


Também como bons turistas, vimos um bando de gente seguindo pra dentro de um hotel chiquérrimo onde dizia: The View (a visão). Imaginamos que poderiamos entrar lá e ver, do alto, Times Sq. Na cola do pessoal, fomos parar em um dos vários elevadores panoramicos do hotel. Detalhe, o elevador não tinha botões. Os hóspedes simplesmente inserem seu cartão e o elevador vai direto pro andar correto. Eu disse os hóspedes, que não era o nosso caso. Quando percebemos a besteira, já era tarde. Vimos todo mundo descer do elevador, equanto fingiamos ser hóspedes, e ficamos rezando pro elevador descer. E ele desceu. Entrou um cara, e subiu de novo. Putz, ferrou de vez, e se ele não descer nunca?! Depois de muito sufoco e sobe e desce, fomos parar num andar que tinha escada rolante. Ufa! Saímos correndo daquele hotel hehe. Não adianta, pobre querendo ser chique não dá certo. Moral da história, a tal visão era do restaurante do hotel que fica na cobertura.

Como somos brasileiros e não desistimos nunca, continuamos tentando ser chiques. Então, achamos um restaurante bem bacana ali mesmo em Times Square, vizinho dos teatros da Broadway. Ao entrar, pedimos um lugar no andar de cima, mais bacana. Mas enrolaram a gente e nos colocaram embaixo. Discretamente, passamos por trás de um garçom sem ele perceber, e subimos. Lá arrumaram uma mesa maneira pra gente, com vista pra Times Sq. hehe. Sonzinho legal rolando, restaurante cheio, apareceu um garçom babaca pra atender a gente, ê sorte! De qq jeito, tomamos uma cerveja e uma pina-colada. Imaginando algo parecido com o churrasco brasileiro, pedi um steak. Era um bifão bonito, suculento. Comemos e bebemos com gosto.

Depois disso tudo, veio a parte ruim: a conta. A gorjeta já veio incluída, 15%. Muito mais do que eu daria praquele garçom, mas... fazer o que. Deixei a grana na mesa, faltando 60 cents do total, já que eu não tinha ido com a cara do garço e quis deixar um valor redondo. Saímos fora e, lá fora, a Fer percebeu que tinha esquecido sua blusa no restaurante. Putz! Tivemos que voltar lá e na maior cara de pau eu fui pedir a blusa pro garçom. Ele não quis nem papo, logo falou: vc tá me devendo 60 cents. E ficou repetindo isso. Tirei 3 moedas de 25 c e botei no bolso dele. Aí finalmente ele mandou trazer a blusa da Fer. Depois de ter a cara bem queimada hehe, resolvemos que era hora de ir pra casa.

Depois de tanta comédia com motorista, garçom, trem, hotel..... foi que, um pouco mais tarde, a parte "trágica" da história começou.... E foi mais ou menos assim. Lá pras altas horas da madruga, eu acordei com o estomago pesado, ruim. Daí em diante fiquei passando mal, não consegui mais dormir e etc. Foi horrível. Como não é a primeira vez que me acontece isso, pelos sintomas, logo desconfiei de que tinha pego uma intoxicação alimentar. Nem comida, nem água paravam no meu estomago.

Mesmo assim, tinhamos que deixar o hostel pois já estava na hora. Resolvemos, ao invés de ir no onibus das 6, como reservado, antecipar para o onibus das 2. E foi um sofrimento pra chegar no ponto com mala e tudo. Era longe, eu tava me sentindo muito fraco e desidratado. Tudo doía. E embora conseguimos chegar em tempo, não pudemos embarcar porque o onibus tava lotado.

Fomos então pra famosa Penn Station, a rodoviária de NY. Lá era quente e dava pra descansar enquanto esperava o onibus das 6. Com muito custo achamos uma sala de espera. Mas foi acabar de sentar e já apareceram uns guardas dizendo que só podia esperar ali quem tinha passagem (que não era nosso caso). Nisso eu não tava me aguentando mais, tava muito mal, pressão baixa, sei lá. Aí a Fer sugeriu que eu fosse pra um hospital. Peguei, fui até o primeiro policial que achei e falei que tava passando mal e precisava de um médico. Eles foram super gente boa e me levaram até a central de policia da rodo e lá fiquei esperando vir o médico.

Depois de fazerem minha ficha completa, de eu explicar tudo que eu tinha, chegaram 2 para-médicos. De lá fomos, eu e a Fer, com eles pra rua, onde tinha uma condução nos esperando: uma ambulância. Não era pra tanto né, mas aqui eles levam as coisas a sério mesmo. E aí fomos eu e a Fer, com mala e tudo, de ambulância com sirene ligada cortando as famosas avenidas de NY. Ficar doente nunca é bom, mas já que aconteceu, melhor que foi em NY hehehe. Tenho certeza que poucos turista tiveram essa experiência hehe. Eu hein!

Bom, já no hospital, me colocaram num canto lá na emergência. A Fer pôde ficar junto comigo o tempo todo. Sei que não vi tanta diferença dos pronto-socorros brasileiros não. Um amontoado de macas, relativamente organizado. Enfermeiras não muito amigáveis e, principalmente, uma demora danada pra me atender. Fiquei mais de 1 h até ser atendido. Acho que até no HC da Unicamp atendem mais rápido hehe. Mas, pelo menos, a médica era bem simpática e atenciosa.

Como eu disse, eles levam as coisas a sério. E antes de me dar qualquer remédio (deram apenas soro), tiraram sangue e fizeram exame pra saber o que eu tinha. Antes de sair o resultado (que demorou), as enfermeiras já tavam dizendo que eu não devo NUNCA comer steak. Que sempre dá bactéria. E não deu outra, era infeção gastrointestinal causada por bactéria ou, como eles dizem, envenenamento por comida. Com soro, uns remédinhos e umas 5 horas de hospital, eu já tava melhor e fui liberado (ou descarregado, como eles dizem).

Com onibus perdido, sem hotel, o que fazer? Ao sair na rua, ainda tava nevando, pra ajudar. Resolvemos então voltar pro albergue e tentar arrumar um quarto lá. Fomos de metrô, chegando lá, o mesmo quarto estava vazio. Entretanto, o cara queria cobrar mais do que o que tinhamos pago pelos 2 dias anteriores e com pagamento na hora em cash. Fazer o que, 10 da noite, não tinha saída. Por sorte tinha um caixa do meu banco na esquina. Pelo menos assim tinhamos onde dormir.

E já passei muito melhor durante a noite. No outro dia, já me sentindo bem disposto, fomos atrás de pegar o busão pra DC. Tivemos que pegar 2 metrôs, andar 3 quadras. Só que tava em cima da hora. Mesmo assim, avistamos o onibus parado do outro lado da rua. Detalhe: o sinal tava fechado e ainda tinha um guarda controlando o tráfego. E demorou, demorou. Ameacei cruzar no vermelho, mas o guarda não deixou. Quando abriu, eu e a Fer saímos correndo, correndo, com mala e tudo, mas..... o onibus tava acabando de sair... assim, a 50 metros da gente. Parecia cena de filme. Perdemos de novo! Que sufoco, parecia que estavamos presos em NY.

O próximo onibus saía em 30 minutos, mas era de outra parte da cidade. Depois, só as 5:30 da tarde. Já sem fé em pegá-lo, e totalmente desanimados, fomos pegar o metro, sem pressa. Por sorte, o trem foi bem rápido e quando descemos na rua, vimos lá longe o onibus, a 3 quadras da gente. Só que já eram 11 h, hora dele partir. Nesse momento me deu uma locura e eu saí correndo pela calçada. Corri, corri e quando estava no cruzamento da ultima rua antes do ponto do onibus, o sinal fechou pra mim. Parei, olhei pro onibus, olhei pra Fer vindo lá trás e sem pensar, atravessei a rua. Quase fui atropelado pelos vários carros que vinham. Tomei um monte de buzinada. Até pareceia aquele joguinho do Atari, que a galinha tem que atravessar a rua hahaha. Mas, finalmente, alcancei o onibus. Segurei o motorista até a Fer chegar com a mala pra gente guardar no bagageiro e, ufa, embarcamos no busão. Que alívio! Finalmente tivemos um final feliz hehe.

Agora, 2 dias depois, já estou 100% recuperado. Pronto pra outra aventura em New York City! Será????

OBS: os direitos de reprodução cinematográfica dessa história têm dono, seja pra filme de comédia, drama ou série do Plantão Médico hehe.

5 comentários:

Anônimo disse...

hueahuaeheahuea
se prepara, pq todo mundo q for ai te visitar vai querer dar uma passeadinha em NY
uhaehueahueahuea

Anônimo disse...

Olá meus caros, "PERDIDOS EM NY".
QUE SUPER AVENTURA, HEM! Gostei demais do tio motorista, verdadeiro "mestre". Agora, o sensacional mesmo foi a do elevador do hotel, nessa, imagino o que vces passaram, mas foi uma boa experiencia pra aprender um pouco mais da vida né. No mais, pena que tenham tido que passar pelos outros demais apuros e dramas. Ötimo, que graças a Deus, no final deu tudo certo, mas é preciso sim, ter mais cuidados em tudo, principalmente quando nao se conhece bem. No mais foi realmente ilariante e esse texto precisa ser bem guardado pra ser ainda melhor explorado.

Um abração pra vce e pra Fernanda meu filho.

Anônimo disse...

Caraca! Desse jeito vc vai conhecer bem o sistema de saúde americano (o SUS DAQUI NÃO PERDE EM NADA). Mas chiquérrimo mesmo foi andarem de ambulância pelas avenidas de NY, outra dessa espero que nunca mais, hehehe... E a mommy aqui dormindo sossegada, sem saber dos sufocos! Bom, nem preciso dizer nada sobre o texto, vai virar roteiro de peça (quem sabe cinema) com certeza, já vou começar a trabalhar em cima, de preferência para estréia em NY mesmo. Bjaum

Unknown disse...

Oh... eu tb faço parte da família.... já tive dor de barriga e caguei no mato tb!!! Será que dá um filme???

beijo pra TODO MUNDO

Anônimo disse...

Eta viagem!!!!!!!!! Complicada heim????
Bjs Da vo